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Cidade do Porto

2025/01/31

Apoiemos as brisas que sopram no Vaticano

Opinião

NOVOS TEMPOS
Por Sérgio Carvalho

O Papa Francisco surpreendeu muita gente, no dia 25 de janeiro, por ocasião da festa da Conversão de São Paulo, ao anunciar a disponibilidade da Igreja Católica para aceitar a alteração e definição de uma data consensual para a Páscoa cristã.

O anúncio foi feito, na Basílica Maior de São Paulo Extra-Muros, em Roma, numa celebração de caráter ecuménico, de encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, onde se reuniram diversos líderes e delegações fraternas de Igrejas cristãs.

Sabemos que a data da Páscoa é móvel e segue o critério definido pelo Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C., há 1700 anos. Este concílio definiu que a Páscoa seria celebrada no primeiro domingo de Lua Cheia após o equinócio da Primavera, nunca sendo antes de 21 de março, nem depois de 25 de abril. 

Contudo, devido à utilização de dois calendários diferentes pelas Igrejas Cristãs: o calendário juliano (criado por Júlio César em 45 a.C.), seguido pelas Igrejas Orientais Bizantinas ou Ortodoxas; e o calendário gregoriano (criado pelo Papa Gregório XIII, em 1582 d.C.), seguido pela Igreja Católica Romana e Igrejas surgidas após a Reforma Protestante do séc. XVI, a Páscoa é quase sempre celebrada em datas diferentes. 

Estes dois calendários têm um desfasamento de 13 dias, um em relação ao outro, fazendo com que os orientais, por vezes, celebrem a Páscoa nos finais de abril e inícios de maio, no calendário gregoriano. 

Por feliz coincidência, este ano, a Páscoa será celebrada por todas as Igrejas cristãs, na mesma data, a 20 de abril. Por isso, o Papa Francisco sugeriu que deveria ser a oportunidade de se definir uma data comum, consensual, e que a Igreja Católica aceitaria a vontade da maioria, mesmo sabendo que ela reúne em si mais de 1200 milhões de fiéis em cerca de 2000 milhões de cristãos que existem no mundo.

Penso que seria uma boa oportunidade e um sinal de esperança que todos chegassem a acordo, pois a Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo é a solenidade mais importante do Cristianismo. 

Há tempos, o Papa Francisco já tinha aflorado esta ideia de fixar a data da Páscoa, no primeiro domingo de Abril, pois é uma data mais próxima da verdade histórica, uma vez que Jesus de Nazaré morreu na véspera da Pascoa judaica a qual se comemora a 14 de Nisan, mês hebraico que corresponde aos nossos meses de março e abril. 

A atitude de grande humildade do Papa Francisco é digna de registo, uma vez que temos de dar sinais de unidade e voltar à tradição sinodal e conciliar de ouvir todos os membros da Igreja. Todos, todos, todos… como diria o Papa, são a Igreja.

A Páscoa é a festa da passagem da escravidão para a liberdade; da morte para a vida; do gelo do inverno para o renascimento primaveril. Saibamos acolher estes ventos do Espírito e apoiemos as brisas que sopram no Vaticano.
 
Até do ponto de vista civil, haveria uma maior estabilidade na vida social, fixando mais as festas móveis, equilibrando os períodos escolares e pastorais. Tratemos das sementes de esperança para colher frutos de alegria e concórdia. 


Sérgio Carvalho, Professor e Jornalista
 

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