Revelando que mais de dois terços dos utilizadores da sala de consumo assistido na cidade são de outros concelhos, o autarca portuense defendeu a necessidade de ser criada uma rede destes equipamentos no país. "Não estou a dizer que é preciso em todo o território nacional, mas uma rede que garanta que esta é uma resposta integrada e geograficamente explicável", afirmou Rui Moreira, durante a conferência "Livre de drogas".
"Este investimento tem de continuar a ser feito pelo Ministério da Saúde. Estamos disponíveis para fazer outra [sala de consumo] e se [for] preciso outra", garantiu, acrescentando: "A sala de consumo assistido custou-nos cerca de 700 mil euros. Sabem quanto o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), sucessor do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), investe na cidade, durante um ano? 500 mil euros".
"O problema resolve-se com medidas de bom senso"
Sabendo que o consumo e tráfico de droga "não têm uma solução simples" e que é preciso olhar para esta problemática sob "várias dimensões", o presidente da Câmara do Porto, que estava acompanhado do vice-presidente, Filipe Araújo, e da vereadora da Saúde e Qualidade de Vida, Catarina Araújo, reforçou que "esta não é uma matéria exclusivamente securitária", revelando que nos bairros da Pasteleira Nova e de Pinheiro Torres há "uma situação de tráfico à vista".
Por isso, disse, o problema "não se resolve com medidas politicamente corretas", mas de "bom senso", dando o exemplo de os toxicodependentes, muitos deles com tuberculose multirresistente, poderem voltar a trocar as seringas usadas por novas em farmácias.
Aliás, Rui Moreira não entende a discussão que se faz à volta dos direitos, liberdades e garantias dos toxicodependentes quando, durante a pandemia, "tivemos de ficar em casa, por tempos ilimitados, para não propagar uma doença, que é menos letal que a tuberculose". "Há dois pesos e duas medidas. Temos memória do que se passou e, por isso, as pessoas com tuberculose multirresistente, e não precisam de ser só toxicodependentes, têm de poder ficar em isolamento forçado", acrescentou.